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sexta-feira, 29 março 2024

Como Jair Bolsonaro foi do Congresso ao Palácio do Planalto

Mais de 147 milhões de brasileiros foram às urnas neste domingo (28) e a maioria decidiu que Jair Messias Bolsonaro, do PSL, é o novo presidente da República. Aos 63 anos, Bolsonaro será o 42º governante da história do país, o 8º após a redemocratização (1985).

Sem participar de nenhum debate no segundo turno e tendo feito uma campanha basicamente pelas redes sociais, Bolsonaro assume a presidência no dia 1º de janeiro de 2019.

Antes de entrar para a política, Bolsonaro frequentou a Escola Preparatória de Cadetes do Exército e a Academia Militar das Agulhas Negras, instituições que ensinam a “conviver com o risco diário”. Ele serviu, ainda, no 9º Grupo de Artilharia de Campanha e formou-se na Escola de Educação Física do Exército.

“É um político de 30 anos de estrada. Conhece a política. É um homem que não tem telhado de vidro, vamos colocar assim, não esteve metido nessas falcatruas, nessas confusões”.

A fala é do vice-presidente de Bolsonaro, general Hamilton Mourão, do PRTB. A declaração foi dada em 2017, antes mesmo da candidatura oficial do militar à presidência da República.

Nascido em Glicério, pequena cidade do interior de São Paulo, em 1955, Jair Bolsonaro liderou, aos 31 anos, um protesto contra os baixos salários dos militares. Ele escreveu um artigo para uma revista de grande circulação no país, intitulado “O salário está baixo”. Por infringir o regulamento disciplinar do Exército, foi preso durante 15 dias.

Com outros integrantes da família Bolsonaro na vida política, o candidato à Presidência pelo PSL possui o apoio dos filhos e do irmão para defender seus ideais. Flávio Bolsonaro, eleito o senador mais votado pelo Rio de Janeiro, por exemplo, fala sobre o que espera do pai no Palácio do Planalto.

“É clara a linha dele de total intolerância com corrupção, de querer resgatar a segurança pública com firmeza, sempre respeitando o Congresso Nacional. Gostam de rotulá-lo de ditador, mas é uma pessoa que sempre leva em consideração nas suas tomadas de decisão como o Congresso vai reagir”.

O apoio dos filhos foi um ponto chave na campanha de Bolsonaro. Isso porque eles foram os responsáveis por manter o nome do militar nas ruas após o atentado que sofreu no dia 6 de setembro, em Juiz de Fora (MG).

O então candidato levou uma facada na região do intestino grosso e passou por duas cirurgias no abdômen. Foi liberado apenas no dia 29, uma semana antes da votação de primeiro turno.

Jair Bolsonaro acumula sete mandatos na Câmara dos Deputados, mas começou a carreira política como vereador da cidade do Rio de Janeiro, em 1988. Em Brasília, conseguiu aprovar dois projetos de lei e passou por sete partidos até chegar ao Partido Social Liberal (PSL), a atual filiação.

Durante quase três décadas como parlamentar na Câmara dos Deputados, Bolsonaro fez discursos considerados polêmicos por muitos setores da sociedade.

Em 2003, por exemplo, Bolsonaro afirmou que não estupraria a deputada Maria do Rosário (PT) “porque ela não merecia”. Na ocasião, ele disse que apenas rebateu a congressista após Rosário chamá-lo de “estuprador”.

Já em 2017, o militar alegou, em um evento judeu, que os quilombolas “não serviam nem para procriar”. Esses acontecimentos ajudaram a criar uma imagem polêmica em torno do deputado.

Um dos pontos mais defendidos pelo político dentro do Congresso é o voto impresso das urnas eletrônicas. Segundo ele, é muito fácil mudar os resultados através de um sistema inteiramente eletrônico. Bolsonaro declara, também, que suas ações e esforços na Casa são, muitas vezes, voltados para impedir o seguimento de projetos. O veto ao “kit gay” como material didático nas escolas do país, por exemplo, é visto como uma vitória pelo militar.

“Não tenho nada a ver com o homossexual, eu quero que eles sejam mais do que felizes, quero que sejam felicíssimos. Mas, por favor, não queiram impor esse comportamento dentro das escolas com desconhecimento dos pais”.

Apesar das declarações polêmicas, a popularidade de Bolsonaro cresce a cada ano. Em 2014, por exemplo, foi o deputado federal mais votado pelo Rio de Janeiro. Ao mesmo tempo, existe uma grande mobilização que lutou contra sua candidatura à Presidência.

Essa notoriedade também é refletida nas plataformas digitais. Com campanha marcada pelo uso das redes sociais e poucas participações em debates, Jair Bolsonaro tem mais de 8 milhões de seguidores no Facebook.

Marcado por seus discursos anti-PT, Bolsonaro passa uma imagem de cristão e defensor da família e dos bons costumes. Sob o lema “Brasil acima de tudo, Deus acima de todos”, o militar terá em seus quatro anos de governo o desafio de reunificar o país e os brasileiros.

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