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quinta-feira, 28 março 2024

Pessoas em situação de rua têm dia de “compras” de roupas e calçados

Vivendo há dois meses e meio nas ruas de Curitiba, Aparecida Rocha Simões, 55 anos, passou a manhã desta terça-feira (26/9) escolhendo roupas e calçados. Entre as peças selecionadas, um vestido que ela considerou “maravilhoso”, blusas de verão e um tênis moderno. Com um grupo de aproximadamente 190 pessoas que vivem em situação de rua e são atendidas nos equipamentos da Fundação de Ação Social (FAS), Aparecida participou do projeto Moda Compartilhada – Doando Amor em Forma de Roupa, desenvolvido pelo Sindicato das Indústrias do Vestuário de Curitiba e Sudeste do Estado do Paraná (Sindivest), em parceria com a FAS e colaboradores.

A ação foi realizada na Primeira Igreja Batista de Curitiba, que cedeu o espaço para a montagem de uma “loja”, onde as pessoas em situação de rua puderam escolher, provar e comprar roupas, calçados e acessórios usando a Moeda de Troca, um cartão que trazia a ilustração da peça que poderia “comprar”. No período em que estiverem na loja, eles tiveram atendimento personalizado feito por estudantes de moda da PUC-PR, Uniandrade e Senai. Aproximadamente 50 voluntários trabalharam na ação.

“É a primeira vez que participo de uma coisa assim e estou adorando. Poder escolher à vontade e ainda ter alguém para orientar o que combina com a gente, é muito bom”, comentou Aparecida. Ela elogiou ainda a qualidade das peças e a organização do trabalho. “Muita coisa boa, limpinha e cheirosa”, disse.

Aparecida é atendida no Centro POP Matriz, equipamento municipal especializado no atendimento às pessoas em situação de rua. Na unidade ela pode fazer as refeições, a higiene, além de contar com acompanhamento técnico. “Vim para Curitiba para cuidar do meu irmão que estava doente, mas ele acabou morrendo antes de eu chegar”, contou ela, que veio do Mato Grosso.

Desempregada e sem casa, Aparecida dorme ao lado do Mercado Municipal. Com experiência, ela está entregando currículo e espera arrumar um emprego como ajudante de cozinha, babá ou na área de limpeza. “E olhe que tenho referência”, ressaltou.

Atendida na Casa de Maria, unidade que acolhe mulheres em situação de violência doméstica e intrafamiliar, S. M., 52 anos, também adorou o dia de moda. “Peguei calça, vestido, camiseta e uma bolsa, que precisa muito”, contou. Suzana só lamentou não ter encontrado um sapato que lhe servisse. “Para mim está tudo muito bom, se fosse para comprar, não teria condições, o que ganho não dá nem para sobreviver”, disse.

Projeto

O Moda Compartilhada é um projeto de cidadania do Sindivest e foi inspirado em uma ação organizada na Cidade do Cabo, África do Sul. “Nosso objetivo é beneficiar as pessoas carentes de Curitiba, não oferecendo a elas apenas a roupa de acordo com o tamanho, mas sim a experiência de escolher o que gostariam de vestir”, explicou a presidente do Sindicato, Letícia Birolli.

A presidente da FAS, Elenice Malzoni, que participou do atendimento às mulheres, destacou a importância do Moda Compartilhada. “Esse projeto ajuda no resgate da autoestima e dignidade das pessoas que estão em situação de rua”, disse.

A diretora de Atenção à População de Rua da FAS, Maria Alice Erthal, lembrou que o atendimento à população de rua é uma prioridade do prefeito Rafael Greca. “O prefeito tem feito muitos esforços para atender essa população e fazer com que essas pessoas saiam das ruas e possam ter um futuro com dignidade.”.

Programação

Essa foi a terceira edição do Moda Compartilhada, que neste ano contou com 2.500 peças de roupas, calçados e acessórios para doação, arrecadadas pelo Sindivest. Em função do maior número de peças, as mulheres que participaram da ação puderam escolher até dez unidades. Para os homens, o número foi de até seis peças.

Além da FAS, da Associação Batista de Ação Social, que viabilizou o espaço, e das universidades, o projeto contou com a colaboração da Embrart, que doou caixas para a coleta das roupas; do Sindicato das Indústrias de Papel e Celulose do Paraná (Sinpacel), da Lavanderia Lavasseco e a da Spaço Vagun, fabricante de jeans que doou coletes que foram usados pelos voluntários.   

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EDIÇÃO IMPRESSA Nº 116 | MARÇO/2024

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