O ex-presidente Lula volta a ser interrogado nesta quarta-feira (14), a partir das duas da tarde, no prédio da Justiça Federal em Curitiba. Dessa vez, o petista vai depor como réu no processo da Operação Lava Jato sobre o sítio de Atibaia, no interior de São Paulo. Substituta de Sergio Moro, a juíza federal Gabriela Hardt é quem conduzirá o depoimento.
O Ministério Público Federal (MPF) acusa Lula pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Segundo as investigações, o ex-presidente teria se beneficiado pelo fato de empresas privadas reformarem sua propriedade em troca de benefícios irregulares em contratos com a Petrobras.
A defesa do ex-presidente afirma que as acusações são descabidas e construídas para submetê-lo a processos e condenações na Operação Lava Jato.
Não é o que diz outro réu no processo. Em depoimento à Justiça, Léo Pinheiro, ex-presidente da empreiteira OAS, disse que Lula e Marisa pediram a ele para que fossem feitas reformas no sítio de Atibaia.
“Ele me explicou que queria fazer uma reforma num sítio em Atibaia e fui eu e o Paulo Gordilho, que era diretor da OAS Empreendimentos, e já tinha conhecimento dos serviços que nós vínhamos fazendo no tríplex do Guarujá. Ele e a Dona Marisa me mostraram os serviços que ele gostaria de fazer. Então o presidente combinou comigo o seguinte: ‘pode iniciar o serviço. E só lhe pediria Léo que as pessoas não tivessem uniforme, essas coisas, da OAS, que não tivesse muita identificação.”
Marcelo Odebrecht, acusado de lavagem de dinheiro e corrupção ativa nesse processo e ex-presidente do Grupo Odebrecht, também ressaltou durante interrogatório que reclamou do acordo porque seria uma “exposição desnecessária”. Além disso, o empresário disse que Lula tinha ciência de que a empreiteira estava pagando pelos trabalhos na propriedade.
“Quando eu vi lá, tinha um bando de gente trabalhando na obra. Quer dizer, a dificuldade de você manter isso em sigilo e, em algum momento vazar, era enorme.”
Além desse processo, Lula ainda responde a outros casos ligados às operações Lava Jato e Zelotes. Um deles é o do tríplex do Guarujá (SP), no qual o ex-presidente cumpre pena de 12 anos e um mês de prisão na Superintendência da Polícia Federal, em Curitiba.
O depoimento de Lula nesta quarta-feira, véspera de feriado, deve alterar o trânsito na capital paranaense. Segundo a Polícia Militar, os acessos ao prédio e imediações serão restritos. O trânsito no entorno será desviado apenas durante os procedimentos de escolta, de aproximadamente cinco quilômetros, e durante o interrogatório do ex-presidente. É a primeira vez que o petista deixará o prédio da Superintendência da PF desde que foi preso em abril.