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sexta-feira, 19 abril 2024

Muitos juízes, poucos médicos

O que é mais fácil, julgar ou tratar? A resposta é simples: JULGAR! Porque não dá trabalho. Claro que não me refiro aos prezados juízes que possuem pilhas de processos em suas mesas, e que mesmo cercados de auxiliares, após horas de estudo sobre cada caso, ainda assim emitem sentenças que nem sempre condizem com a verdade, e inocentes são condenados. Refiro-me a nós, leigos da justiça, prontos a apontar dedos, a encontrar motivos, justificativas, a condenar o outro com avidez, com ira, sem compaixão.

Todavia essa disposição para acusar o outro e nos livrarmos das nossas culpas nos leva ao início de tudo quando Adão acusou Eva de dar-lhe do fruto proibido o qual Deus, o Criador, dissera para que não comesse, “E Deus perguntou: “Quem lhe disse que você estava nu? Você comeu do fruto da árvore da qual lhe proibi comer? ” Disse o homem: “Foi a mulher que me deste por companheira que me deu do fruto da árvore, e eu comi.” (Gênesis 3:11,12). Podemos ver aqui, há milhares de anos, como o homem julga tão facilmente o outro, tirando de cima de si a responsabilidade pelos seus maus atos. E antes de culparmos Adão, olhemos para nós, não é assim que nos comportamos diante de situações que poderão apontar para nossos erros, nossas falhas de caráter, nossos desvios de conduta? Destacar, salientar, realçar o erro do outro, muitas vezes, é motivo para encobrir a nossa culpa, a nossa falta de responsabilidade; mostra a nossa inclemência e intolerância.

Quando Jesus diz: “E o segundo é semelhante a ele: ‘Ame o seu próximo como a si mesmo’.” (Mateus 22:39), quer Ele dizer que é necessário que nós queiramos fazer ao próximo aquilo que gostaríamos que fizessem conosco, porque nenhum de nós queremos ser julgados, mas compreendidos e aceitos; nenhum de nós queremos que as pessoas façam mau juízo de nós, mas que ouçam as nossas explicações, entendam que podemos errar, pois somos humanos. Pensando assim, todos precisamos mais de médicos do que de juízes, visto que as nossas fraquezas, nossa fragilidade, nossa brevidade não nos dá o direito de nos posicionarmos acima dos outros e sentenciá-los, mas sim de nos compadecermos dos nossos semelhantes e agir com eles como Cristo falou em Mateus 7:12: “Assim, em tudo, façam aos outros o que vocês querem que eles façam a vocês; pois esta é a Lei e os Profetas.” (Mateus 7:12), todavia nem sempre nos atemos a esse princípio.

Por fim, o médico, ao receber um paciente, age conforme seu juramento, cuidar do ser humano, não de classes sociais, etnias ou credo. Precisamos de mais “médicos”, pessoas que olhem para o próximo com olhar do Médico dos médicos, olhar compassivo, perdoador, amoroso. Que não aponte dedos, contudo caminhos sãos a seguir. Que o ombro seja amigo, que a palavra seja bálsamo. Precisamos trocar a toga pelo jaleco para que tenhamos uma sociedade menos agressiva e mais saudável!

Jarbas J Silva
Jarbas J Silva
Professor de Língua Portuguesa, especialista em Leitura e Interpretação de texto, Pastor, Escritor e compositor

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EDIÇÃO IMPRESSA Nº 116 | MARÇO/2024

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