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sexta-feira, 29 março 2024

A casa mal-assombrada de Curitiba: as missas e as chaves benzidas

“Após perseguir inutilmente por três dias e três noites os atiradores de pedras, a polícia resolveu abrir fogo contra as árvores do Capão da Imbuia. Enquanto isso, reforçando a hipótese de fenômeno sobrenatural, o padre da igreja local irá benzer hoje as chaves das casas”, noticiou, na capa da edição de 6 de janeiro de 1974, o jornal “Diário do Paraná”. A segunda parte da história sobre a residência supostamente mal-assombrada, apresenta, neste domingo (7), novos personagens em busca de uma explicação para as “pedras voadoras”.

Também surgem outros relatos de “estranhas ocorrências”: houve até quem afirmasse ter testemunhado, ali, a levitação de talheres. Resgatado, desde a semana passada, pela Diretoria de Comunicação Social (DCS) da Câmara Municipal de Curitiba (CMC), o mistério da casa mal-assombrada, do bairro Capão da Imbuia, é tema da primeira temporada da série “Curitiba Horror Stories”, mais um projeto do Nossa Memória.

O bairro, explicou o “Diário do Paraná”, “por muitos anos, ou até recentemente”, foi um extenso campo para a criação de gado e cavalos. “O Capão da Imbuia surgiu com essa denominação em virtude de um grande capão de mato em seu interior, onde havia árvores de imbuia, madeira de lei muito aplicada na marcenaria, para o mobiliário fino”, contou o jornal. A área citada, conservada até hoje, é o Instituto de Defesa do Patrimônio Natural (atual Museu de História Natural do Capão da Imbuia).

Segundo a publicação, as “pedras voadoras” tornaram a cair no fim da tarde e na noite abafada daquele sábado, dia 5 janeiro. Com até 300 gramas, elas fariam uma trajetória horizontal e seria possível identificar de onde vinham. O mistério, que dividiu opiniões, chegava ao quarto dia. Para tentar responder à pergunta — afinal, aquilo era assombração ou vingança? —,foi chamado também o padre da Paróquia de São Benedito, localizada a uma quadra dali.

A estratégia adotada pelo vigário foi benzer as chaves das casas da região, nas três missas que celebraria na manhã daquele domingo, dia 6 de janeiro de 1974. Também seriam benzidos e entregues aos moradores ramos verdes e palmas, “que, em casos de catástrofes ou maus espíritos”, poderiam ser queimados com o objetivo de purificar as residências.

“Talheres voadores”
A Radiopatrulha, enquanto isso, havia apertado o cerco, em busca dos atiradores das pedras. Conforme o jornal, os policiais haviam montado uma operação mais discreta na casa supostamente mal-assombrada, com o objetivo de conter os curiosos. Em contrapartida, haviam ampliado a vigilância para as residências das proximidades e o terreno do Museu de História Natural.

No entanto, até um grupo de parapsicólogos teria comparecido ao local. “Essas pessoas argumentavam que pelo fato de ser a única moradia atingida pelas pedras, que jamais erraram o alvo, e pelo fato de não ter sido possível estabelecer o local de onde elas procediam, indicava estarem diante de um fato clássico de fenômeno parapsicológico”, acrescentou. E a reportagem finalizou: embora desde o começo defendesse a tese de vingança, o proprietário, Ildefonso Till, teria se mostrado “bastante curioso com as explicações dadas pelos estudiosos”.

Como o jornal não circulava às segundas-feiras, o assunto voltou às páginas do “Diário do Paraná” na edição de 8 de janeiro, uma terça. O mistério continuava: um policial da Radiopatrulha teria contado à reportagem que o problema não era mais só as pedras. Até mesmo talheres estariam “voando misteriosamente e trocando de lugar”. “As estranhas ocorrências”, completou, teriam levado um grande número de fiéis às três missas rezadas na Paróquia de São Benedito, na manhã daquele domingo.

E agora, será que o padre conseguiu resolver o problema? Ou os policiais localizaram o responsável por atirar as pedras? Na terceira e na quarta parte da série, que a CMC publica no próximo domingo (14), confira o desfecho da história e o que a vizinhança lembra sobre os fatos curiosos que esquentaram, ainda mais, aquele janeiro de 1974, no até então pacato bairro do Capão da Imbuia.

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EDIÇÃO IMPRESSA Nº 116 | MARÇO/2024

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