Quando Weverton defendeu a cobrança de pênalti do alemão Petersen na final da Olimpíada Rio 2016, no Maracanã, viveu o maior momento da carreira. Certamente, o goleiro lembrou de tudo o que precisou passar para chegar ali. As referências ao passado também apareceram na mente de Dona Josefa, a mãe do camisa 1. As histórias são muitas e, em conversa com o site da CBF, ela recorda os primeiros passos do filho no futebol e revela um apelido de infância do arqueiro.
Aos sete anos, quando o esporte ainda era uma brincadeira, o pequeno Weverton gostava de jogar na linha, como atacante. Às vezes, o hoje arqueiro pedia para agarrar e não media esforços, se jogava com tudo em todas as bolas para evitar os gols. Em uma das defesas, o menino, que tinha o cabelo louro, foi chamado de Taffarel, pois a época foi paralela ao momento em que a Seleção Brasileira conquistou o tetra, na Copa de 1994, com grande atuação do eterno camisa 1. Com mais defesas posteriores, o apelido “Taffarelzinho” acabou pegando.
– O Weverton jogava bola e se jogava mesmo. Na terra, no chão… E chegava em casa todo sujo, todo arranhado… Nessa época, o Taffarel estava no auge e tinha acabado de defender pênaltis decisivos. Como o Weverton, pelo visto, era bom no gol e tinha uma certa semelhança física, acabaram falando “defendeu, Taffarel! Pegou Taffarel!”. E ficou – lembra Josefa.
Convocado pelo técnico Tite para os duelos contra Equador e Colômbia, pelas Eliminatórias da Copa do Mundo Rússia 2018, Weverton vai trabalhar com Taffarel. O goleiro do Atlético-PR não esconde a realização pela oportunidade de trabalhar ao lado do ídolo e revela a emoção que sentiu em um encontro recente com o atual preparador de goleiros da Seleção Brasileira.
– Encontrei o Taffarel aqui na Arena da Baixada, ele veio assistir ao nosso jogo contra o Grêmio (na última quarta-feira, pela Copa do Brasil), e pedi logo para tirar uma foto com ele! Quando criança, fui chamado de Taffarelzinho e sempre o tive como um ídolo. Falei que era um encontro de duas gerações, que vibrei muito com ele e que estou super feliz de ser treinado por ele agora. Parece até um roteiro de filme, não é? Nunca imaginei que um dia seria treinado pelo ídolo Taffarel – destaca.
Algo que Dona Josefa também lembra é a insistência de Weverton pelo sonho do futebol. Criado pela mãe e pelo avô Olavo, de quem se recorda com enorme carinho, o goleiro foi sozinho fazer o primeiro teste, sem que ninguém da família soubesse.
– O Weverton sempre foi muito independente. Ele foi sozinho para o clube (Juventus-AC), com sete anos, depois de me pedir para levar e eu não dar muita ideia. Quado ele chegou em casa me contando, falando que foi caminhando pelo cantinho, com um amigo, eu nem acreditei. Ele ouviu do professor que não sabia muito, mas que poderia ficar para aprender. Acho que não gostou de ouvir aquilo e não quis voltar, mas insisti e ele acabou indo – recorda.
Se ir sozinho para o treino já era muito para alguém na idade de Weverton, a distância impressiona. O goleiro conta que, da sua casa para a sede do Juventus-AC, a extensão era de aproximadamente 10 km. Ele encavara todo os dias, para ir e voltar, em cima de uma bicicleta.
– O início foi difícil, sim. Minha mãe foi mãe e pai para mim. E tinha o meu avô também, que me ajudou muito. Eu tinha de ir para os treinos sozinho. Ia todos os dias, com minha bicicletinha. Era longe, o Juventus tinha uma distância de mais ou menos 10 km lá de casa. Depois de um tempo, as coisas melhoraram e passei a ter vale transporte. Só que, ainda assim, eu saía com fome dos treinos e acabava gastando para comer. Nessas horas, meu avô me salvava, comprava lanche para mim, me ajudava. Sem a minha família, eu não estaria aqui. Devo tudo a eles – afirma.
Em momentos como o que colocou a inédita medalha de ouro olímpico no peito e no reencontro com o ídolo Taffarel, agora seu “chefe”, certamente passou pela cabeça de Weverton que todo o esforço valeu a pena. O primeiro treino em que os dois estarão juntos será nesta segunda-feira (29), em Quito, às 17h (19h de Brasília).