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sexta-feira, 26 julho 2024

Força e solidariedade das mulheres fazem a diferença no Paraná

Assegurar os direitos de todas as paranaenses, como dona Vilma e Janice, é uma das metas do Governo do Estado. Nestes pouco mais de cinco anos de gestão, muitos avanços foram conquistados. O primeiro deles, e talvez o mais importante, foi a criação do Conselho Estadual dos Direitos da Mulher, em fevereiro de 2013.

Quando chegou a Curitiba, em 1960, vinda de Mafra (SC), onde era professora, Maria Vilma Paolini, 73 anos – comemorados neste 8 de março, Dia Internacional de Mulher – não sabia que era uma mulher predestinada. A mudança para a Capital aconteceu em função do casamento com Ubaldo Paolini, hoje com 85 anos, que nasceu e cresceu no bairro Caximba.

Ela foi morar em uma localidade que era carente de toda infraestrutura e que, mais tarde, por 21 anos abrigou o aterro sanitário de Curitiba. Vendo as dificuldades dos moradores, resolveu vestir a camisa e seguir os passos do sogro, Gino Paulini, imigrante italiano que falecera seis anos antes, e que foi um defensor do Caximba. “Ele foi um homem visionário e marcou a história do bairro”, conta. Entre os feitos de Gino está a instalação da primeira escola do Caximba, depois que ofereceu à prefeitura o terreno e hospedagem para as professoras.

Desde então, dona Vilma, como é conhecida, luta para melhorar a qualidade de vida dos 12 mil moradores do local. Lá se vão 56 anos de dedicação que resultaram em grandes conquistas, como a pavimentação de ruas, a instalação de um Centro de Referência de Assistência Social (Cras), uma unidade de saúde, uma creche, uma escola municipal e o Espaço da Saúde.

Mãe de três filhos e avó de sete netos, dona Vilma preside há 16 anos a Associação dos Moradores e Amigos do Caximba, função que acumula com a presidência do Conselho Local de Saúde. A sede da associação é a própria casa, usada para reuniões e atendimento às famílias que a procuram em busca de cesta básica, remédios, dinheiro para a passagem de ônibus.

“Aqui faço todos os papéis. Conselheira, advogada, médica, psicóloga. Temos que nos preocupar com os menos favorecidos.” Para suas ações, Dona Vilma conta, principalmente, com a ajuda do Provopar Estadual.

Apesar das melhorias, o Caximba ainda concentra loteamentos irregulares e muitos moradores vivem em situação precária, principalmente às margens do Rio Barigüi. Dona Vilma lembra que nos últimos dois anos a população do bairro mais do que dobrou e junto aumentaram os problemas.

Entre as suas metas para ajudar os moradores está a construção de mais uma creche no bairro, além de uma Armazém da Família, programa social que oferece à população de baixa renda alimentos e produtos de higiene e limpeza a preços mais baixos que os do mercado. “Sempre digo que a semente que vou deixar aqui é a da solidariedade”, diz ela, que nasceu em São Mateus do Sul, na região Sudeste do Estado, e é considerada uma referência no trabalho comunitário desenvolvido no Paraná.

VOLUNTARIADO – Janice Gastaldon, voluntária da Rede Feminina de Combate ao Câncer, também é um exemplo de mulher paranaense que tem o trabalho social e voluntário como projeto de vida. Há 16 anos, ela trabalha no Hospital Erasto Gaertner, em Curitiba, considerado referência em tratamento de câncer na região Sul do País.

Aposentada há 20 anos, ela conta que mesmo antes de parar de dar aulas na rede estadual de ensino já planejava o trabalho voluntário. “Quis trabalhar no hospital porque tive um irmão que morreu com leucemia, preferi estar próxima desses pacientes.”

Durante seis anos, Janice integrou a equipe de cuidados paliativos do hospital, que visita, em casa, os pacientes que já não respondem mais ao tratamento. Paralelamente, também acompanhava pacientes internados, atividade que mantém até hoje. “Conversamos com cada paciente, procuramos saber como ele está. Sem falar da doença, procuramos desviar a mente do problema”, conta.

Ex-presidente da Rede Feminina – fundada em 1954 e que hoje reúne aproximadamente 400 voluntários – Janice também integra um segundo grupo de voluntários do hospital, o de capelania, serviço ecumênico que presta assistência religiosa aos pacientes. “O voluntariado é uma prioridade na minha vida. É um trabalho que preenche a vida de quem se dedica a ele. Não é doar tempo e sim servir a um ser humano”, define.

DIREITOS DAS MULHERES – Assegurar os direitos de todas as paranaenses, como dona Vilma e Janice, é uma das metas do Governo do Estado. Nestes pouco mais de cinco anos de gestão, muitos avanços foram conquistados. O primeiro deles, e talvez o mais importante, foi a criação do Conselho Estadual dos Direitos da Mulher, em fevereiro de 2013.

Este conselho representa uma conquista do movimento social e um avanço em relação aos órgãos voltados à questão das mulheres até então organizados no Paraná, que não foram criados por lei e não tinham a paridade entre representantes governamentais e da sociedade civil organizada.

No fim de 2014, foi lançado o Plano Estadual de Políticas para as Mulheres, organizado e aprovado pelo Conselho Estadual dos Direitos da Mulher e que é resultado da mobilização de quase 2 mil paranaenses. “O Plano Estadual expressa a vontade política do Governo do Paraná em reverter as desigualdades entre homens e mulheres. Traz benefícios não só para as mulheres, como também para as famílias e para a sociedade paranaense”, explica a secretária do Trabalho e Desenvolvimento Social, Fernanda Richa.

Outra importante ação foi a implantação de duas unidades móveis que, desde outubro de 2015 percorrem os municípios paranaenses para levar informações às mulheres que vivem nas áreas rurais e mais distantes. O serviço já atendeu 850 mulheres.

Hoje, o governo estadual trabalha para a criação do Fundo Estadual de Enfrentamento à Violência Contra a Mulher, para a implantação de um sistema de mapeamento da violência contra a mulher e também para a regionalização de casas-abrigo, que terão a coparticipação do Estado.

COORDENAÇÃO – No Paraná, a coordenação dos serviços de proteção social das mulheres e suas famílias é feita pela Secretaria do Trabalho e Desenvolvimento Social. Fernanda explica que a atuação é voltada para a prevenção das situações de risco e ao atendimento em casos de ameaça e violação de direitos.

O trabalho preventivo é feito nos 555 Centros de Referência em Assistência Social (Cras) do Estado, onde a equipe técnica trabalha para fortalecer os vínculos familiares e comunitários. Nas unidades elas também recebem os encaminhamentos necessários para acessar serviços de saúde, educação, trabalho, assistência social e, assim, conquistar sua emancipação.

As famílias com um ou mais membros que sofrem violação de direitos, incluindo as mulheres vítimas de violência, recebem apoio, orientação e acompanhamento nos Centros de Referência Especializados em Assistência Social (Creas).

Outra ação desenvolvida pela Pasta, e que tem a mulher como uma de suas prioridades, é o Família Paranaense, principal programa do Governo do Estado para atendimento às pessoas que vivem em vulnerabilidade social e que busca a erradicação da pobreza.

Desde que foi criado em 2012, o programa atendeu quase 220 mil famílias nos 399 municípios do Estado – 201 mil delas receberam R$ 72,7 milhões como complementação de renda. Das 134,4 mil pessoas que tiveram acompanhamento familiar, quase 70 mil eram mulheres.

Na área do Emprego, a Secretaria conseguiu colocar no mercado de trabalho, nos últimos cinco anos, 3,04 milhões de mulheres, o que representou 40,80%, do total de admitidos por meio das 220 Agências do Trabalhador que integram a rede estadual.

No Paraná, as mulheres recebem ainda atendimento em outras áreas, como saúde, educação, fomento, habitação e segurança pública.

MAPA DA VIOLÊNCIA – Com as ações intersetoriais, o Paraná vem conseguindo reduzir a violência contra a mulher. De acordo com o último Mapa da Violência contra a mulher, divulgado em novembro de 2015, o Paraná deixou a 3ª e passou a ocupar a 19ª posição no ranking. Segundo o levantamento, o número feminicídios – perseguição e morte intencional de pessoas do sexo feminino, classificada como crime hediondo –, no Estado, caiu de 6,4, em 2010, para 5,2 em 2013, para cada 100 mil habitantes.

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EDIÇÃO IMPRESSA Nº 121 | JULHO/2024

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