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segunda-feira, 11 novembro 2024

Um dia, não vou te encontrar…

A esperança de voltar é o que nos leva a ir. Não vamos pensando em não voltar. E o que nos dá a certeza da volta? Nada. E se nada nos dá a certeza da volta, precisamos pensar como saímos, o que deixamos, como levamos e se haverá tempo de trazermos de volta. É a vida, não há certezas, há experiências, há passado, o amanhã não é ainda, o já passou. E um dia já não mais nós…

Quando saio, olho para o outro e pergunto para mim: estou te devendo algo? Porque quando partir, não quero levar o que é teu, não quero levar o perdão que não te dei, não quero levar o abraço dos braços cruzados, não quero levar o amor que te devo; não quero deixar-te mágoas, não quero deixar-te. Reflito agora sobre isso porque de repente me vi saindo de uma fotografia. Olhávamos minha irmã e eu um álbum de fotografias da década de 70, e em uma determinada foto, ela me disse: “Maninho, olha só, só sobraram nós!”, e apontando para nossa mãe, ela e eu na foto descobrimos que as outras pessoas, que somavam nove, só existiam agora na foto e em nossos corações. E nem todas as nove eram adultas, ou idosas, algumas eram adolescentes!  E me perguntei: O que deixei de dar a todas elas que foram saindo de mim? Em que fui omisso? Fiz a elas o que pude, ou o que deveria, ou o que quis?

Estamos todos saindo, mesmo quando ficamos. Saímos apressados, nervosos, tristes, angustiados, deprimidos, ansiosos, irados. Saímos também alegres, esperançosos, pacíficos, confiantes, seguros, altruístas, amorosos. Porém nem sempre pensamos no porquê o nosso estado de espírito se configura em um desses adjetivos. O contexto, as circunstâncias, a realidade, tudo coopera para que tomemos determinadas atitudes. E então nos deixamos levar por esses fatores e justificamos as nossas atitudes, quando tempo temos. Todavia haverá um tempo que não mais teremos tempo para justificar, porque não mais “te encontrarei”.

Um dia, não mais vou te encontrar… não sei o dia, entretanto sei que há um dia, e como não o sei, só sei que a ti só o amor devo dever-te (Não fiquem devendo nada a ninguém, exceto o amor de uns para com os outros. Pois quem ama o próximo cumpre toda a lei. Romanos 13:8). Sai amando, porque o amor lança fora todo o medo, sai amando e serás amado, sai perdoado e perdoando, sai deixando o teu melhor! Sai esperançoso da volta, contudo ciente da eternidade! Deixa-te ser levado por Deus e, se Ele quiser, trazer-te de volta. Porém sai limpo, puro, leve, pois não sabes se vais novamente encontrar…

Jarbas J Silva
Jarbas J Silva
Professor de Língua Portuguesa, especialista em Leitura e Interpretação de texto, Pastor, Escritor e compositor

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EDIÇÃO IMPRESSA Nº 123 | SETEMBRO/2024

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